Por Saulo Pereira Guimarães
Recebo notícias do Rio. Ou melhor, de Madureira, que é a parte que me interessa.
O tráfico passou a cobrar R$ 1800 pela segurança de prédios próximos à Serrinha. Tia Surica e o neto do Piruinha estão em lados opostos na eleição da Portela. E, pelo Instagram, minha irmã informa que o Padre Natal, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, não batiza mais bonecas reborn.
É grave a crise. Ele parou de atender mães de bonecas reborn em busca de catequese, de celebrar 1ª comunhão para crianças reborn e até de fazer oração de libertação para bebês possuídos por espíritos reborn.
Pessoalmente, achei pouco cristão.
Missas de 7º dia para reborns com baterias arriadas também estão suspensas.
"Essas situações devem ser encaminhadas ao psicólogo, psiquiatra ou, em último caso, ao fabricante da boneca", avisa o sacerdote.
Nem Ancelotti, nem Careca do INSS. Ao que tudo indica, a vida reborn é o principal tema em debate no momento entre Cascadura, Vaz Lobo e Irajá.
Digo isso porque, outro dia, foi minha mãe quem se manifestou sobre o assunto, por meio de um de seus canais oficiais: os stories do Instagram. Ela publicou uma foto da TV lá de casa durante a transmissão do programa Encontro com Patrícia Poeta, na qual um bebê pretinho de borracha ocupa a maior parte da tela.
"Hobby ou dependência emocional?", pergunta (malicioso) o chapéu do gerenciador de caracteres — no qual, se lê logo abaixo: "Psicóloga fala sobre febre dos bebês 'reborn'."
"Nada contra", avisou minha mãe. "Porém, concordo com ela", acrescentou, deixando claro seu descompasso com a nova forma de parentalidade.
A revolta é exagerada, mas compreensível. Entre os Pereira e os Guimarães, o cuidado sempre esteve menos para brincadeira do que para prioridade, estratégia de sobrevivência, quase obsessão. Os dois ramos da nobreza suburbana da qual orgulhosamente descendo desde sempre se cuidam, cuidam dos seus e se orgulham de cuidar.
Apreciam quem cuida. Desprezam o descuidado.
A coisa é tão séria que foi tema do trabalho de conclusão de curso da minha já citada irmã na graduação.
Talvez, venha daí toda essa indignação. Lá em casa, cuidado não é — nem nunca pôde ser — brincadeira. Mas, para muita gente, é — ou, pelo menos, pode ser.
Pode parecer estranho? Sim. Merece essa comoção toda? Não. Vai dar em alguma coisa? Não sei.
E você, o que tem a dizer sobre os bebês reborn?
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Salve, meu povo! A última edição aqueceu o dia de vários leitores. O Alexandre Almeida disse que, lendo, lembrou de um ditado muito usado por usa avó: "b... e gosto cada um tem o seu". Já a Gabi Ribeiro concordou que certos influenciadores de moletom "são totalmente dispensáveis". E a Eliete Pereira disse que é "legal" quando casacos (e jornalistas) "cumprem bem as suas funções".
Ana Rita, Ju, Marina Monteiro, minha mãe, minha sogra e Uesley Durães deixaram likes.
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Acho uma coisa exagerada, estranha, tentar preencher algo co “bonecos”, só pq parece ser uma pessoa de verdade? Os de verdade exigem muito mais!
Admirar e querer ter um "bebê" reborn é aceitável; entretanto, tratá-lo como se de verdade fosse foge à normalidade. Somam-se a isso dinheiro e tempo sobrando além de uma indústria tirando proveito da situação.