Por Saulo Pereira Guimarães
A campeã sai segunda. É uma lei antiga no mundo do samba e que, quase sempre, se confirma. Em 2024, deu Viradouro — última de segunda. Em 2023, Imperatriz — segunda também. Em 2022, Grande Rio — adivinha? Sábado! Mas isso porque, naquele ano, os desfiles aconteceram em abril e o sábado foi o segundo dia. A última vez que a campeã saiu no domingo foi em 2020. Viradouro. Antes disso, a Tijuca em 2010 e não com qualquer desfile. Foi o ano do "É Segredo".
Como toda lei aparentemente sem fundamento, essa também tem explicação. A crença entre os sambistas é de que os jurados tendem a ser mais rigorosos no primeiro dia e mais generosos no segundo. Faz sentido. Há outro detalhe importante nessa história: os envelopes com as notas são entregues à organização ao fim de cada noite. Isso impossibilita, por exemplo, que o jurado revise sua avaliação em relação a uma escola do dia anterior.
É bom lembrar que o desfile é, além de um espetáculo, uma competição. Esse ano, as 12 escolas do Grupo Especial disputam um título entregue anualmente desde 1932. A maior campeã é a Portela, com 22 vitórias, e, até 1976, apenas Mangueira, Império Serrano e Salgueiro também foram capazes de ganhar. Daí para frente, juntaram-se a elas Beija-Flor, Estácio, Mocidade, Vila, Imperatriz e as demais citadas no primeiro parágrafo.
É bom lembrar também que o carnaval nem sempre foi assim. Até 1983, o desfile começava às 18h de domingo e ia até meio-dia de segunda. As 12 escolas de uma vez, sem intervalos — que se tornaram tradição após a inauguração do sambódromo. Em 1984, ano de estreia da passarela, as agremiações sugeriram à então organizadora Riotur que dividisse a festa em duas noites, em função do número crescente de escolas. A sugestão foi aceita, ficou e hoje virou tradição.

Mas, no samba, tradições existem para serem recriadas. E, numa nova e inesperada reviravolta, as agremiações — atuais organizadoras da festa — decidiram que precisavam não mais de duas, mas de três noites. O arranjo foi aceito pela Globo que é, junto com o Poder Público, a principal financiadora do espetáculo. Sendo assim, teremos uma situação inédita: uma terceira noite de desfiles — e várias incógnitas.
Ninguém sabe, por exemplo, se o novo formato não será cansativo demais. Ou se terá impacto na avaliação dos jurados — como o anterior parecia ter. Há outras variáveis. Existe o risco, por exemplo, de um dos dias concentrar muitas escolas de menor torcida e ficar esvaziado. Enfim, numa festa extremamente ritualizada, vamos ter oportunidade de ver algo novo surgindo. Se vai dar certo ou não, são outros quinhentos. Mas, certamente, vai entrar para história.
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Salve, meu povo! A história de Charles Cosac deu o que falar. A Dinorá Zanina disse que dinheiro nenhum preenche vazio interior. Já Alexandre Almeida mergulhou num turbilhão de pensamentos ao pensar em como seria viver sem ter de correr atrás de grana. "Se eu não precisasse de dinheiro para sobreviver, sentiria uma tristeza profunda e viveria envergonhada diante da luta de tantos(as) pela sobrevivência", disse a Eliete Pereira e a Gabi Ribeiro adorou nossa reflexão sobre o que se perde quando se tem de tudo. A Marina Maciel lembrou que, quando a Cosac fechou, comprou tantos livros que o ex-marido achou que os móveis do enxoval tinham chegado mais cedo.
Carlos Souza, Fabricio Amorim, Ludmila Primo, Mariana Rodrigues, Jorjão e Vitor Guimarães deixaram likes.
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Gosto de Carnaval e admito que, como qualquer grande evento, sofre mudanças de acordo com os interesses de quem dele se apropria. Não gostei da distribuição do desfile em três dias. É cansativo e mais dispendioso para quem quer assistir.
Quanto à tradição, será a Vila Isabel a grande surpresa? A agremiação desfilou no segundo dia e fez a diferença.
Vamos aguardar!