Uma imagem fala mais do que mil palavras, certo? Nem sempre.
Há imagens que, de tão lindas, já não querem dizer nada e outras que só ganham significado à medida que contamos suas histórias. Revirando meu arquivo de fotos, pesquei aqui algumas que fiz em minhas andanças pelo subúrbio carioca e decidi compartilhar, na esperança de que, com o feriado, ninguém dê muita atenção. "São caminhos, são esquemas, descaminhos e problemas. É o rochedo contra o mar", como diria Nei Lopes.
Bom Corpus Christi!
Fiz algumas madrugadas no Globo. A Rio era uma das poucas editorias com alguém na redação nesse horário e eu meio que ficava responsável por cobrir tudo o que acontecesse. Por causa disso, soube primeiro da morte do Reinaldo (a menina de redes viu no Instagram do Arlindinho). Essa foto é de Deodoro e desse dia, quando fechei a noite na rua por conta da previsão de uma greve de trens. Gosto do registro borrado do trem em movimento, do reflexo da luz no metal e da figura do guarda, alheia a tudo.
Tirei essa foto no Carrefour de Sulacap, num fim de tarde de domingo de 2017. Fazia tempo que eu não ia até lá com meu pai, que costumava passar por ali após visitar minha avó quando ela era viva. Esse Carrefour tem uns 20 anos e só nesse dia eu me dei conta de como é bonita a vista lá de cima. O sol procura o maciço para se esconder e transforma tudo em sombra, como a morte também faz — deixando tudo mais triste e mais bonito. Deve ter sido uma das últimas vezes que eu fui até lá com meu pai.
O Parque Madureira completa 13 anos esse mês, mas eu ainda lembro quando ele era uma horta espremida entre o bairro e a linha de trem. A primeira parte ficou pronta em 2012. A segunda, em 2016. E a terceira, retratada na foto, só em 2018. Essa foto mostra as obras paradas nesse trecho final, no ano anterior. Aqui, o subúrbio está nas linhas de transmissão, no Brizolão imponente no alto do morro e até na favela espremida no canto. Ele é o protagonista e não o canteiro de obras em primeiro plano.
Fechando a lista, um pôr-do-sol visto da estação de Oswaldo Cruz. É o mesmo sol de Sulacap, mas oculto pelo maciço. É o mesmo trem da manhã, escondido pelas sombras e revelado apenas pelas luzes dianteiras. É o mesmo guarda, indo embora em vez de estar chegando. Várias vezes, vindo da faculdade, eu desci aí e subi essas escadas a caminho de casa. Ao contrário da outra, essa vista sempre me impressionou, por dar conta de todo o meu mundo até então. Era como se ele me saudasse ao fim de cada dia.
E aí, curtiu? Mande um alô!
Salve, meu povo! A última edição não despertou paixões, mas também não passou batida.
Ana Rita, Eliete Pereira, Ludmila Primo e Uesley Durães deixaram likes.
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Até quinta, às 8h30, aqui na Eixo
Que coisa bonita, Saulo!!!!
Emocionante rever momentos do subúrbio através das imagens destacadas. Por motivos óbvios, considerei a que retrata a foto no Carrefour a mais envolvente.