Kamala
Kamala Harris será anunciada hoje como candidata à presidência dos Estados Unidos. Se ganhar, o mundo terá pela primeira vez em séculos uma mulher em seu posto mais importante. E uma mulher negra.
Qual será a história de Kamala com o Rio?
Por Saulo Pereira Guimarães
Há várias formas de se dizer que alguém está senil. Ou seja, de que foi vítima do estrago causado pelo tempo. Uma das mais simpáticas é dizer que fulano já não é mais o mesmo. Outra, divertida, que o sujeito está gagá.
Mas a mais criativa de todas, sem sombra de dúvidas, é falar que a pessoa anda meio Tio Paulo.
A história (tristíssima, diga-se de passagem) do morto levado para pegar empréstimo em uma agência bancária de Bangu gerou um debochado sinônimo para quem está mais para lá do que para cá, eleito por brasileiros em geral e cariocas em particular para tratar da desistência de Joe Biden da tentativa de reeleição.
Ninguém lembrou, por exemplo, da passagem do atual presidente americano pelo Rio em 2013, quando ele foi fotografado no Morro Dona Marta ao lado de um garoto com a camisa do Botafogo que, anos depois, revelou ser Flamengo.
A mãe o forçava a vestir preto e branco, coitado.
A alcunha sinistra abraçou Biden após o debate contra Donald Trump, que não vi porque estava de férias, e não o largou o mais. Ao que tudo indica, na ocasião, o democrata não deu uma dentro e o republicano nadou de braçada. Foi o começo do fim do ex-vice de Obama que, após sofrer pressão até do George Clooney, tirou o time de campo – feito o Palmeiras ontem após perder para o Botafogo.
Por falar em Obama, esse é outro que tem história com o Rio.
Lembro até hoje de sua espetacular passagem pela cidade em 2011, que incluiu uma pelada na Cidade de Deus e um speech que parou o Centro.
Parou mesmo: nem o metrô circulou enquanto o homem falava.
Ia ser na Cinelândia, mas foi no Theatro Municipal. Barry citou Jorge Benjor e Paulo Coelho, elogiou Dilma e admitiu que o Rio era a melhor escolha (depois da sua Chicago) para os Jogos Olímpicos de 2016.
Aliás, o ano dos jogos foi o mesmo em que um senhor bem marrento e levemente alaranjado venceu a disputa pela principal cadeira do Salão Oval da Casa Branca.
Trump não veio ao Rio como Biden e Obama, mas quase teve negócios por aqui. Não saiu do papel seu projeto com suntuosas torres, a serem erguidas ao lado da rodoviária, no embalo dos investimentos do Porto Maravilha.
No lugar, ficaram vários esqueletos de prédios, que geraram uma acústica única para a estreita rua que passa logo atrás – onde eu curti inesquecíveis ensaios da Unidos da Tijuca em 2019 e 2020, sempre em companhia de Banga, Manu e da digníssima Ana Rita.
Nesta quinta (23), na mesma Chicago que o Obama queria que tivesse sediado os Jogos Olímpicos de 2016, Kamala Devi Harris deve subir ao palco e ser anunciada pelos democratas como candidata do partido à presidência dos Estados Unidos em 2024.
As pesquisas apontam que, embora deva contar com a maioria dos votos, ela ainda não tem a maioria dos advogados que, no fim, decidem de fato as eleições americanas.
Se perder, quem leva é Trump.
Se ganhar, o mundo terá pela primeira vez em muito tempo uma mulher em seu posto mais importante. E não qualquer mulher, mas uma mulher negra.
Não tem como não ficar curioso.
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Salve, meu povo! Nossa edição sobre pedaladas foi longe. Marina Maciel disse que "a ciclovia ficou ótima depois da reforma" e a Dinorá Zanina falou que "pedalar em Sampa é para os fortes". A Dinorá disse também que ainda não viu o Sem Censura com a Cissa, mas que gostava com a Leda.
Minha mãe, Luciane Scarazzati, Mariah Pereira, Robson Santos e Thayná de Oliveira curtiram o post da última edição.
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Até quinta, às 8h30, aqui na Eixo.
Texto originalmente publicado em 22/08/2024


