"Por que paulistanos não usam bermuda?", pergunto ao Google. "A ideia de que paulistanos não usam bermuda é um estereótipo", ele prontamente me responde. Do limbo da minha inteligência orgânica, desconfio que a inteligência artificial tenha ficado ofendida. Talvez, o Google seja paulistano e a gente nem saiba.
"São Paulo tem invernos frios e verões com temperaturas amenas, o que pode levar a uma menor necessidade de usar roupas mais frescas", argumenta ele. "A cultura paulistana, especialmente em ambientes de trabalho e sociais mais formais, pode valorizar um visual mais tradicional, com calças compridas", admite.
"Mas a cidade tem visto uma maior aceitação do uso de bermudas", informa o site.
Dizer que é tudo mentira seria uma grande injustiça. É corretíssimo considerar "um estereótipo" essa ideia de que paulistanos não usam bermuda. Afinal, de que paulistano estamos falando ao dizer isso? Trazida à baila, a questão climática também tem sua influência. Ontem, a mínima em São Paulo foi de 12 graus.
Mas a coisa se complica quando analisamos a terceira afirmação. "Ambientes de trabalho" são... ambientes de trabalho. Ok, não tem discussão. Neles, até no Rio, só se usa calça mesmo e não tem jeito. Mas o que são ambientes "sociais mais formais"? Uma festa de casamento? Um enterro? Uma peça no Teatro Oficina?
O conceito é muito relativo.
A Ana Rita sempre ri quando falo em bermuda social, mas é algo que para mim faz todo sentido e é totalmente factível de se usar em situações como essa.
Para mim, bermudas sociais são aquelas feitas de linho, que vão até perto do joelho e com menos bolsos do que uma bermuda cargo. Para mim e para o Google. Ok, talvez não dê para usar uma numa festa de casamento. Mas por que não num cinema? Numa peça no Oficina? Por que valorizar tanto "um visual mais tradicional"?
Vou dar o braço a torcer só mais uma vez aqui. São Paulo tem, de fato, visto "uma maior aceitação do uso de bermudas". A minha lembrança de 10 anos atrás é de muito menos panturrilhas à mostra, no que pode ser, para mim, um bom sinal. Mas é esperar para ver. Afinal, existe sempre o risco de algum tipo de retrocesso.
No fim, existem perguntas que só fazem sentido de verdade para quem as formula. Questionar por que paulistanos não usam bermuda tem tanta validade quanto querer saber por que eles não vestem bombacha ou não comem cuscuz de milho no café da manhã. Há determinadas coisas que exigem determinados contextos.
Aos insatisfeitos, cabe se conformar ou tentar transformar a realidade. O que não dá para saber ao certo é qual caminho eu tomei ao escrever esse texto.
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Salve, meu povo! A última edição foi uma viagem para muita gente. A Eliete Pereira considerou o passeio "emocionante", especialmente pela foto do Carrefour. "Que coisa bonita", disse a Amanda Evelyn.
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Há todo um novo texto a ser escrito sobre a regata social também, hein? hehehehhe